"Havia um tempo em que os comboios eram o único meio de viajar em Portugal.
Pelo menos o mais rápido, o mais utilizado e o mais moderno de todos. Havia um tempo em que as agulhas que mudavam a direcção dos comboios eram todas manuais. Havia um tempo em que os comboios eram a vapor e o seu aroma a carvão queimado se espalhava em longas planícies e vales estreitos, junto às águas de um rio. Havia um tempo em que viajar de comboio era como estar em visitação e em delírio de geógrafo.
...Este livro não faz nenhuma história da ferrovia nacional. Não faz nenhuma história de como ela era e vem fixada em fotografias antigas relembrando os comboios a vapor e as carruagens do princípio do século. É, antes, uma descrição do comboio como ele é aos olhos de um geógrafo acidental. Porque a viagem de comboio pelo Portugal de hoje cria uma geografia sentimental, um guia em permanente construção, se estamos a percorrer o Douro na janela de um comboio, a atravessar o calor do Alentejo, a despedirmo-nos de alguém, a sair de uma estação. Como se está na vida, lentamente."
Francisco José Viegas
Editor: Círculo de Leitores e Gradiva
Projecto: Francisco José Viegas e Maurício Abreu
Texto de Francisco José Viegas
Fotografias de Maurício Abreu
Design de José Teófilo Duarte
Formato: 23,5 x 31 cm; 192 páginas
125 fotografias a cores